O Paquistão, uma das nações com leis de blasfêmia mais rígidas do mundo, vive uma realidade alarmante que afeta diretamente as minorias religiosas. Um relatório recente revelou que mais de 700 cristãos permanecem em prisões do país aguardando a pena de morte sob acusações de blasfêmia. Essas acusações, muitas vezes infundadas, resultam em processos injustos e punições severas, que incluem desde longos períodos em condições degradantes até a execução. O drama dessas comunidades evidencia o desafio global em torno da liberdade religiosa e dos direitos humanos.
Falsas acusações e perseguição
A legislação paquistanesa prevê penas que variam de 10 anos de prisão até a morte para quem for acusado de ofender o profeta Maomé. No entanto, organizações de direitos humanos apontam que grande parte das denúncias contra cristãos e outras minorias, como hindus, carece de fundamento. As leis, frequentemente usadas como ferramenta de perseguição, colocam inocentes atrás das grades, muitas vezes sem o devido processo legal.
Condições desumanas nas prisões
O relatório 'Hope Behind Bars', produzido pela Comissão Nacional para Justiça e Paz (NCJP), detalha o tratamento cruel dispensado aos cristãos acusados de blasfêmia. Casos relatados incluem prisões superlotadas, celas insalubres e discriminação explícita por parte das autoridades. Em um episódio ocorrido em 2015, cem cristãos foram condenados por crimes de vandalismo e mantidos em celas destinadas a pacientes com tuberculose, obrigados a beber água em recipientes de banheiro e privados de itens básicos de higiene e conforto.
A lei de blasfêmia no Paquistão
De acordo com a Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF), o Paquistão possui a segunda legislação mais rígida de blasfêmia do mundo, atrás apenas do Irã. Muitas acusações são feitas sem provas consistentes e julgadas sem garantias básicas de defesa. Isso cria um ambiente de medo constante para cristãos, muçulmanos dissidentes e outras minorias religiosas, que vivem sob o risco permanente de serem denunciados injustamente.
Histórias de resistência e fé
Apesar das condições desumanas e da pressão para renunciar à fé, muitos cristãos optam por permanecer firmes em sua crença em Cristo. Alguns conseguem reduzir penas por meio da memorização do Alcorão ou da observância do jejum islâmico, mas a maioria resiste, escolhendo a fidelidade à sua fé acima da sobrevivência imediata. Um exemplo é o de Ankwar Kenneth, cristão de 72 anos, que passou 23 anos no corredor da morte antes de ser absolvido pela Suprema Corte do Paquistão. Seu caso evidencia tanto a fragilidade do sistema judicial quanto a esperança que persiste entre os que enfrentam tais perseguições.
Conclusão
A situação dos cristãos presos no Paquistão sob acusações de blasfêmia reflete não apenas a fragilidade da liberdade religiosa no país, mas também os desafios internacionais na defesa dos direitos humanos. Enquanto mais de 700 pessoas aguardam a pena de morte, a comunidade internacional pressiona por mudanças legais e maior respeito às minorias. O sofrimento dessas comunidades revela a urgência de medidas concretas para combater abusos, garantir julgamentos justos e promover a dignidade humana, independentemente da fé professada.
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