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Pastor russo preso por sermão contra a guerra

Um pastor russo foi condenado a quatro anos de prisão por criticar a guerra na Ucrânia em um sermão. O caso de Nikolay Romanyuk expõe o controle do estado sobre a liberdade de expressão religiosa na Rússia e as duras consequências para aqueles que ousam se opor.

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A Sombra do Silêncio: A Luta pela Liberdade de Expressão na Rússia de Hoje

A prisão do pastor Nikolay Romanyuk, de 63 anos, na Rússia, não é apenas a história de um homem. É o reflexo de um sistema que, sob o peso da guerra, se torna cada vez mais intolerante à dissidência. A condenação do reverendo a quatro anos de prisão em um campo de trabalho, por um sermão que ele proferiu em 2022, revela a linha tênue e perigosa que separa a liberdade de crença da segurança do Estado, uma fronteira que, para as autoridades russas, foi claramente ultrapassada.

A história começa em setembro de 2022, em Balashikha, nos arredores de Moscou. O governo russo havia acabado de anunciar uma "mobilização parcial" para a invasão da Ucrânia, um chamado que ecoou em todo o país, gerando tanto apoio quanto incerteza. Foi neste clima de tensão que o reverendo Romanyuk, em sua Igreja Pentecostal da Santíssima Trindade, subiu ao púlpito. Sua mensagem não foi de ódio ou incitamento à violência, mas de pacifismo, uma doutrina central para a sua fé. Ele disse em seu sermão, que foi transmitido ao vivo: “Esta não é a nossa guerra.”

Romanyuk não estava apenas expressando sua opinião pessoal; ele estava enraizando sua declaração nos princípios mais profundos de sua fé. O pastor destacou a doutrina escrita de sua igreja, que se baseia nas Sagradas Escrituras para defender o pacifismo. “É nosso direito professar isso com base nas Sagradas Escrituras”, ele afirmou. Sua pregação não era um chamado para a desobediência civil generalizada, mas um apelo à consciência individual baseada nos ensinamentos bíblicos. Ele incentivou seus fiéis a buscarem formas legais de se opor, como o serviço civil alternativo, uma opção que a própria legislação russa, em tese, reconhece.

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O Julgamento e a Lógica da Perseguição

A resposta do Estado russo foi rápida e brutal. Romanyuk foi acusado de "apelos públicos para implementar atividades direcionadas contra a segurança da Federação Russa". A acusação se baseou na interpretação de que o pastor teria incitado pessoas a bloquearem os escritórios de registro e alistamento militar. As autoridades teriam, inclusive, usado depoimentos "inconsistentes e extremamente contraditórios" de uma testemunha para sustentar a acusação.

O pastor, em sua defesa, argumentou que sua fala era uma "atitude pessoal como cristão" contra a violência e a morte. Ele não recuou de suas palavras, mesmo diante do tribunal, reafirmando sua visão. “Não me retrato do meu sermão”, disse ele em seu discurso final. Sua coragem, no entanto, não foi suficiente para mover a balança da justiça russa. A condenação, segundo o grupo de direitos humanos Forum 18, faz de Romanyuk a primeira pessoa condenada sob o Artigo 280.4 do Código Penal por criticar a guerra de uma perspectiva religiosa.

O caso levanta sérias questões sobre a imparcialidade do sistema judiciário russo. O Forum 18, que monitora a perseguição religiosa, questionou o tribunal sobre a severidade da pena, dada a idade e os sérios problemas de saúde de Romanyuk, que incluem hipertensão e as sequelas de um recente micro-AVC. A vice-presidente do Tribunal da Cidade de Balashikha, Olga Bystryakova, se recusou a dar explicações, citando que um juiz não é obrigado a justificar suas decisões. Essa falta de transparência reforça a percepção de que o veredito não se baseou na lei, mas em uma agenda política.

A Voz da Família e o Grito por Justiça

A filha de Romanyuk, Svetlana Zhukova, tem sido uma voz ativa na defesa de seu pai. Em publicações no Telegram, ela chamou o caso de "completamente inventado" e "motivado pelo ódio pessoal de alguém ou por um humor geral". Sua dor e indignação são palpáveis: "Imagine, papai foi condenado por sua opinião, sua posição... Ele não cometeu nenhum crime." A família também denunciou as agressões sofridas pelo pastor durante a prisão, incluindo um golpe na cabeça que causou vazamento de fluido do ouvido, uma ação pela qual ninguém foi responsabilizado.

Zhukova compara a prisão de seu pai a uma tentativa de silenciar a dissidência. Para ela, as autoridades russas podem ter prendido seu pai fisicamente, mas não podem tirar sua “verdadeira liberdade” – a liberdade de expressar a verdade. A família acredita que o ato de seu pai, ao falar o que estava em seu coração, alcançou muito mais pessoas do que ele imaginava, e que o objetivo da condenação é "suprimir a opinião dos dissidentes, que ousam expressar suas opiniões divergentes".

A luta de Romanyuk e sua família é um testemunho da resiliência humana diante da opressão. O advogado de defesa, Anatoly Pchelintsev, descreveu a sentença como “injustificadamente cruel e injusta”. Ele admitiu a baixa probabilidade de uma absolvição, já que o sistema judiciário russo “praticamente não sabe o que é isso”, mas ainda assim, manteve uma “esperança por justiça e humanismo”.

Um Aviso para Todos os Crentes e Críticos

O caso do pastor Nikolay Romanyuk serve como um aviso severo para as comunidades religiosas na Rússia. O reverendo Andrey Mizyuk, um padre ortodoxo russo que deixou o país em 2022 por sua própria oposição à guerra, ecoou essa preocupação. Mizyuk afirmou que o Estado russo deixou claro que “não perdoa pregações anti-guerra”. A voz de um clérigo, especialmente quando baseada na Sagrada Escritura, é vista como duplamente ameaçadora, pois tem o poder de romper a “cortina histérica da propaganda” de guerra.

A condenação de Romanyuk não é um evento isolado, mas parte de um padrão mais amplo de repressão. O governo russo tem reforçado seu controle sobre as informações e a liberdade de expressão, classificando qualquer crítica à guerra como “fake news” ou “apelos para desacreditar as Forças Armadas”. No entanto, a condenação de Romanyuk por um sermão pacifista mostra que a perseguição vai além da política e atinge o próprio cerne da liberdade de consciência.

É digno de nota que o pastor, mesmo na prisão, continua firme em sua fé. Romanyuk está detido em um centro de detenção preventiva em Noginsk há mais de 10 meses. Apesar de seus problemas de saúde e da incerteza do futuro, sua postura inabalável é uma inspiração. Ele não se retrata de suas palavras, pois as considera a verdade. Ele defende a legitimidade de sua posição como cristão e como pastor, destacando que sua igreja também oferece ajuda humanitária a soldados e civis, mostrando que sua fé não é uma oposição cega, mas uma busca por compaixão e paz.

O Futuro e a Esperança de um Apelo

Romanyuk pretende apelar ao Tribunal Regional de Moscou. No entanto, sua filha e seu advogado admitem que as chances de sucesso são mínimas. A falta de resposta das promotorias de Moscou e Balashikha às perguntas do Forum 18 sobre a razão da severidade da pena e a criminalização da liberdade religiosa reforça a visão de que o sistema está fechado a qualquer tipo de escrutínio.

O veredito de Romanyuk, embora trágico, iluminou a realidade da vida para aqueles que se opõem ao regime russo. É um lembrete sombrio de que, em tempos de guerra, a verdade se torna uma mercadoria perigosa, e a liberdade de expressão, um privilégio que pode ser retirado a qualquer momento. Mas a história de Nikolay Romanyuk também é um farol de esperança. Sua coragem e a solidariedade de sua família e de outros defensores dos direitos humanos mostram que, mesmo nas circunstâncias mais escuras, a voz da verdade e da justiça não pode ser completamente silenciada.

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