Brasil erradica foco de gripe aviária no RS e notifica organismo internacional
O Brasil concluiu com sucesso a erradicação do primeiro caso de gripe aviária de alta patogenicidade (IAAP) detectado em uma granja comercial em Montenegro, no Rio Grande do Sul. A confirmação foi feita por meio de um relatório oficial enviado à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), informando que o foco foi controlado e as medidas de contenção foram finalizadas no dia 21 de maio.
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), as ações de emergência resultaram na morte ou no sacrifício de 17.025 aves e incluíram uma série de medidas sanitárias rigorosas. A boa notícia é que não foram detectados novos casos da doença em um raio de 10 quilômetros da propriedade afetada, conforme apurado pela investigação epidemiológica conduzida pelo Serviço Veterinário Oficial (SVO).
O controle rápido e eficaz desse foco é fundamental para proteger o setor avícola brasileiro, um dos maiores exportadores mundiais de carne de frango, e representa um passo importante para a manutenção do status sanitário do país junto aos mercados internacionais.
Primeira ocorrência comercial da IAAP no Brasil
Este episódio marcou a primeira vez que o vírus da gripe aviária H5N1 foi identificado em um sistema comercial brasileiro, mais precisamente em uma granja de postura localizada na cidade de Montenegro, a cerca de 60 km de Porto Alegre. Até então, o Brasil havia registrado apenas casos em aves silvestres, o que não impactava diretamente o comércio internacional.
A notificação oficial à OMSA incluiu um relatório detalhado sobre a origem, contenção e erradicação do foco. O documento afirma que não houve mutações relevantes de resistência antiviral na cepa detectada. A análise genotípica revelou que o vírus é semelhante aos encontrados anteriormente em aves silvestres no território brasileiro, indicando que o caso na granja comercial provavelmente foi uma infecção pontual, e não resultado de uma mutação adaptada ao ambiente de produção intensiva.
Medidas rigorosas garantiram a erradicação do foco
A resposta brasileira seguiu os mais altos padrões internacionais de biossegurança. O plano de erradicação incluiu as seguintes medidas:
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Desinfecção total das instalações onde o foco foi detectado.
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Rastreabilidade de produtos e materiais que entraram ou saíram da granja.
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Descarte oficial de carcaças e resíduos, com eliminação controlada para evitar novos contágios.
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Abate sanitário de todas as aves do plantel, incluindo aquelas que ainda não apresentavam sintomas.
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Zoneamento de controle, com estabelecimento de áreas de vigilância sanitária e restrição de movimentação.
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Bloqueio da movimentação de produtos avícolas da zona controlada.
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Vigilância ativa nas propriedades vizinhas, incluindo testes laboratoriais preventivos.
Essas ações foram iniciadas em 12 de maio, logo após a detecção do foco, e foram conduzidas com apoio de órgãos federais, estaduais e municipais, além da colaboração dos produtores locais.
Mais de 17 mil aves mortas ou abatidas para contenção da doença
Segundo o relatório oficial publicado no site da OMSA, o total de 17.025 aves entre mortas e sacrificadas foi necessário para garantir que o vírus não se espalhasse para outras propriedades comerciais da região. A granja afetada produzia ovos de galinha e contava com um alto volume de aves em confinamento, fator que amplia os riscos em casos de infecção viral.
O abate sanitário, apesar de impactar economicamente o produtor, é uma medida essencial para preservar a biossegurança nacional e manter a confiança dos mercados importadores na qualidade e segurança dos produtos avícolas brasileiros.
Caminho para recuperação do status sanitário
Com a conclusão das ações de erradicação e a desinfecção completa do local, o Brasil entra agora em um período chamado de “vazio sanitário”, que dura 28 dias a partir da última ação de controle. Durante esse tempo, é feito um monitoramento intensivo da zona de proteção para garantir que nenhum novo foco apareça.
Caso esse período transcorra sem incidentes, o país poderá retomar o status de livre da gripe aviária de alta patogenicidade, de acordo com os critérios da OMSA. Esse status é fundamental para garantir a continuidade das exportações de carne de frango e outros produtos avícolas para os principais mercados do mundo, como China, União Europeia, Japão e Emirados Árabes.
Importância da resposta rápida para o agronegócio
A rápida resposta das autoridades sanitárias é um reflexo da eficiência do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA) e do comprometimento do setor avícola nacional com os protocolos internacionais de controle de zoonoses. Vale destacar que o Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango, responsável por cerca de 35% das exportações globais.
Uma disseminação da gripe aviária no sistema produtivo brasileiro teria impactos catastróficos para a economia, resultando em perdas bilionárias e suspensão de contratos comerciais. Por isso, o controle imediato e transparente, com o apoio da OMSA e da comunidade internacional, é um sinal positivo tanto para os produtores quanto para os importadores.
Gripe aviária: o que é, sintomas e riscos
A gripe aviária é uma infecção viral altamente contagiosa entre aves, causada por diferentes subtipos do vírus da Influenza tipo A, sendo o H5N1 um dos mais agressivos. Em aves, a doença pode causar sintomas respiratórios severos, paralisia, queda de produção de ovos e morte súbita em grande número de animais.
Em humanos, o risco de infecção existe, mas é considerado baixo, sobretudo quando há controle sanitário rigoroso. No entanto, casos graves já foram registrados em países asiáticos, onde houve contato direto com aves infectadas.
Por esse motivo, a vigilância sanitária contínua é essencial para proteger não apenas os rebanhos, mas também a saúde pública.
lição de vigilância, resposta rápida e compromisso com a sanidade animal
A erradicação do foco de gripe aviária no Rio Grande do Sul mostra que o Brasil está preparado para lidar com emergências sanitárias complexas no setor agropecuário. Com medidas rápidas, transparentes e eficazes, o país protege sua produção avícola, garante a confiança dos mercados internacionais e mantém sua posição como potência global na exportação de alimentos.
O episódio também serve como alerta para a importância da vigilância constante, da cooperação entre produtores e autoridades e da adoção de boas práticas de biossegurança. Em um cenário global marcado por surtos recorrentes da doença, o Brasil reforça seu compromisso com a sanidade animal e com a saúde da população.
Se o vazio sanitário for mantido sem novos casos até o fim de junho, o país poderá formalizar o retorno ao status de “livre da IAAP” e preservar a estabilidade de um dos seus setores mais estratégicos.

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