Tom Bancroft, renomado animador responsável por personagens marcantes como Mushu, de 'Mulan', e Simba, de 'O Rei Leão', revelou em entrevista recente que decidiu encerrar sua trajetória na Disney por motivos de fé. Embora estivesse no auge da carreira e prestes a assumir ainda mais protagonismo dentro da companhia, o artista escolheu seguir o chamado cristão e dedicar sua vida a produções com valores bíblicos. A decisão marcou uma virada radical em sua vida profissional e levanta reflexões sobre os rumos da maior empresa de entretenimento do mundo e o papel da fé no meio artístico.
Do sonho em Hollywood ao chamado da fé
Bancroft ingressou na The Walt Disney Company em 1988, quando ainda era estagiário e trabalhava no projeto de 'A Pequena Sereia'. Na época, cursava o Instituto de Artes da Califórnia e via sua entrada na gigante da animação como a realização de um sonho. Com talento reconhecido rapidamente, ele participou de alguns dos maiores clássicos da empresa, incluindo 'Aladdin', 'Tarzan', 'A Bela e a Fera', 'Pocahontas' e 'Irmãos Urso'.
Apesar da carreira bem-sucedida, o animador afirma que desde cedo sentia o chamado de Deus para um propósito maior. Segundo ele, por anos tentou conciliar o trabalho em Hollywood com sua fé, mas, em 2000, percebeu que as escolhas criativas da Disney começavam a ir contra seus princípios cristãos. Foi quando tomou a decisão corajosa de pedir demissão, mesmo prestes a se tornar animador principal em 'Lilo & Stitch'.
A decisão de deixar a Disney
Em sua entrevista à CBN News, Bancroft revelou que se sentia cada vez mais desconfortável com os rumos que a Disney adotava. Para ele, as produções começaram a incluir elementos contrários aos valores bíblicos, e sua fé amadurecida não lhe permitia continuar compactuando com tais escolhas. 'Eu não preciso ficar aqui, mesmo que este seja o meu sonho', declarou.
A partir daí, o animador deixou a Disney e passou a se dedicar a um novo projeto: a série cristã 'Os Vegetais' (VeggieTales), voltada para ensinar princípios bíblicos às crianças de maneira lúdica. Ele recorda que o ambiente no novo estúdio era completamente diferente, já que havia liberdade para expressar sua fé, incluindo momentos de oração antes das reuniões.
Carreira voltada à animação cristã
Após a transição, Tom Bancroft expandiu sua atuação como artista cristão. Além de trabalhar em animações de temática bíblica, ele se tornou autor e professor, buscando inspirar uma nova geração de ilustradores e animadores a seguirem carreiras alinhadas a valores espirituais. Seu testemunho é frequentemente citado como exemplo de alguém que não abriu mão de convicções pessoais, mesmo diante de oportunidades que muitos considerariam irrecusáveis.
Disney e a era 'woke'
Nas últimas décadas, a Disney tem sido alvo de críticas de setores conservadores por adotar a chamada agenda 'woke', que busca maior inclusão de diversidade, gênero e sexualidade em suas produções. Embora celebrada por alguns, a mudança tem gerado rejeição em parte do público. Uma pesquisa do Trafalgar Group, em 2022, mostrou que quase 70% dos americanos afirmaram estar menos propensos a consumir produtos da empresa após notícias sobre conteúdos que expõem crianças a ideias sexuais.
Esse reposicionamento criativo coincidiu com uma queda no valor das ações da companhia e um distanciamento de parte do público tradicional. Para críticos, como Bancroft, a empresa teria se afastado de histórias universais e familiares para adotar pautas ideológicas, o que impactou diretamente sua imagem e sua base de fãs.
Conclusão
A história de Tom Bancroft mostra como princípios de fé podem redefinir caminhos profissionais, mesmo diante de oportunidades consideradas únicas. Ao trocar a Disney por produções cristãs, o animador seguiu aquilo que acreditava ser seu verdadeiro propósito, inspirando outros profissionais a colocarem convicções acima de ambições. Paralelamente, sua trajetória também reflete um debate mais amplo sobre os rumos da indústria do entretenimento, os impactos da agenda cultural da Disney e a busca por equilíbrio entre diversidade, valores familiares e fé. O caso continua a repercutir, mostrando como a escolha individual de um artista pode iluminar questões universais sobre identidade, convicção e liberdade de expressão.
Comentários: