Venezuela em Alerta: Maduro Mobiliza Milícias em Resposta a 'Ameaças' Americanas
A já tensa relação entre Venezuela e Estados Unidos atingiu um novo pico de escalada. Em um movimento audacioso e com fortes conotações de desafio, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos. A medida, segundo ele, é uma resposta direta ao que classificou como "ameaças" provenientes de Washington. O anúncio ocorre após os EUA elevarem a recompensa por sua captura e lançarem uma operação militar antidrogas no Caribe.
A tensão se intensificou no início de agosto, quando o governo do então presidente Donald Trump aumentou a recompensa por informações que levassem à prisão ou condenação de Maduro para US$ 50 milhões, um valor que hoje equivale a mais de R$ 270 milhões. O Departamento de Justiça americano acusou o líder venezuelano de ser "um dos maiores narcotraficantes do mundo", uma alegação veementemente negada por Caracas.
A Força da Milícia Bolivariana
A Milícia Bolivariana, criada pelo ex-presidente Hugo Chávez e posteriormente integrada como um dos cinco componentes da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), é um pilar fundamental do regime chavista. Com uma estimativa oficial de 5 milhões de reservistas, o grupo atua como um apoio crucial para o Exército na "defesa da nação". A mobilização anunciada por Maduro demonstra a intenção de fortalecer a base de apoio civil e militar em face da pressão externa.
Em seu discurso, Maduro agradeceu o apoio de seus aliados e criticou o que chamou de "repetição podre" de ameaças. “Os primeiros a manifestar solidariedade e apoio a este presidente trabalhador que aqui está foram os militares desta pátria”, destacou o líder, reforçando a lealdade das Forças Armadas. Ele também fez um apelo para que as bases políticas do governo avancem na formação de milícias camponesas e operárias "em todas as fábricas".
As palavras de Maduro foram incisivas e carregadas de simbolismo. "Fuzis e mísseis para a força camponesa! Para defender o território, a soberania e a paz da Venezuela”, proclamou, em uma retórica que evoca a prontidão para o confronto. “Mísseis e fuzis para a classe operária, para que defenda a nossa pátria!”, completou, indicando que a resposta a qualquer suposta agressão não viria apenas das Forças Armadas regulares, mas também de uma força popular e civil.
As Repercussões e Acusações
A recompensa por Maduro não é um fato isolado. Em janeiro, ainda sob o governo de Joe Biden, os EUA já haviam divulgado um cartaz com a foto do líder, oferecendo US$ 25 milhões por informações sobre ele. A administração americana justifica as sanções e as recompensas como uma forma de combater o que consideram uma ameaça à sua segurança nacional, ligando o governo venezuelano ao narcotráfico.
Em resposta, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino Lopez, foi à televisão para rebater as acusações, classificando-as como "tolas". Ele e outras figuras proeminentes do governo, como o ministro do Interior, Diosdado Cabello Rondón, também tiveram recompensas fixadas pelos EUA. Para Lopez, as ofertas americanas são uma "interferência que viola flagrantemente o direito internacional e o princípio da autodeterminação dos povos". Ele ainda as descreveu como "fantasiosas, ilegais e desesperadas, ao melhor estilo faroeste de Hollywood", buscando deslegitimar a ofensiva americana perante a opinião pública.
A mobilização de milhões de milicianos por Maduro, portanto, não é apenas uma resposta militar, mas um forte sinal político. É a reafirmação de sua autoridade e uma demonstração de força interna em um momento de máxima pressão externa. A medida, embora questionada por críticos como uma forma de intimidação e controle, é vista por seus apoiadores como um ato de soberania e defesa nacional. A situação continua a ser monitorada de perto pela comunidade internacional, que teme uma escalada ainda maior na crise venezuelana.
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