Uma viagem dos sonhos terminou em tragédia para a brasileira Juliana Marins, de 26 anos, que teve seu corpo localizado nesta terça-feira (24/6) após quatro dias de buscas intensas no Monte Rinjani, na Indonésia. A jovem, apaixonada por viagens e natureza, fazia uma trilha de três dias pelo famoso vulcão quando sofreu uma queda fatal em uma área remota e de difícil acesso. O caso comoveu familiares, amigos e seguidores, que acompanhavam cada atualização pelas redes sociais.
Resgate desafiador e condições extremas
De acordo com a Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia, Juliana foi encontrada a cerca de 600 metros de profundidade em uma encosta íngreme do Monte Rinjani — destino famoso por suas vistas de tirar o fôlego e pelo terreno traiçoeiro.
A operação de resgate enfrentou desafios enormes: chuvas, vento forte, grande altitude e trilhas rochosas que complicaram o acesso das equipes. No total, 48 profissionais de diferentes órgãos se revezaram em turnos para tentar chegar até o local.
Mesmo após a localização, o mau tempo obrigou a equipe a adiar o içamento do corpo para a manhã desta quarta-feira (25/6). O transporte será feito por trilhas até o posto de Sembalun e, de lá, por helicóptero ao Hospital Bhayangkara, em Mataram.
Flying camp: estratégia para salvar vidas
No último avanço das equipes de resgate, sete socorristas montaram um flying camp — acampamento provisório em plena encosta — para descansar e garantir segurança durante o pernoite. Essa técnica é comum em operações de alto risco, onde o retorno imediato se torna inviável.
Autoridades indonésias contaram com apoio de representantes do governo local e da Embaixada do Brasil, que acompanharam cada etapa da missão de resgate.
Amigos e familiares lamentam perda
A notícia da morte foi confirmada pelo perfil oficial criado pela família no Instagram, o @resgatejulianamarins. Na postagem de despedida, familiares agradeceram o apoio recebido desde o início da mobilização.
"Hoje, a equipe de resgate conseguiu chegar até o local onde Juliana Marins estava. Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu. Seguimos muito gratos por todas as orações, mensagens de carinho e apoio que temos recebido."
Juliana era vista pelos amigos como uma viajante destemida e inspiradora, que já havia explorado Tailândia, Filipinas e Vietnã antes de chegar à Indonésia.
Controvérsia com o guia e críticas ao parque
Um ponto que revoltou a família foi o relato de que Juliana teria sido deixada para trás pelo guia Ali Musthofa após demonstrar sinais de cansaço. Em entrevista ao jornal O Globo, Musthofa negou abandono e afirmou ter combinado de reencontrá-la um pouco mais à frente na trilha. Ele prestou depoimento à polícia no domingo, após descer da montanha.
Enquanto a jovem ainda estava desaparecida, os parentes questionaram a administração do parque por manter a trilha aberta, permitindo turistas no mesmo caminho onde ocorriam as buscas.
"Enquanto Juliana PRECISA DE SOCORRO! Não sabemos o estado de saúde dela! Ela continua sem água, comida e agasalho há três dias!", dizia uma publicação feita pela família no Instagram.
Trilha fechada para visitantes
Após a confirmação da localização do corpo, o governo da Província de Nusa Tenggara Barat anunciou o fechamento temporário da trilha que leva ao cume do Monte Rinjani. A medida busca facilitar a remoção do corpo e garantir segurança para equipes de resgate e eventuais turistas.
Até o momento, não há previsão para reabertura do trecho. Segundo estatísticas locais, ao menos nove pessoas morreram em acidentes similares no vulcão nos últimos cinco anos.
Segurança em trilhas de aventura: atenção redobrada
O caso reacende o alerta sobre a segurança de trilhas em montanhas de difícil acesso, especialmente na Ásia, onde o turismo de aventura é uma das principais fontes de renda em parques como o Rinjani.
Especialistas reforçam que turistas devem sempre contratar guias experientes, verificar condições meteorológicas e nunca ignorar sinais de exaustão, sobretudo em altitudes elevadas.
A morte de Juliana Marins interrompeu uma jornada que era movida pelo amor à descoberta de novos horizontes. A tragédia também expõe fragilidades na gestão de trilhas de alta periculosidade e destaca a importância de revisões constantes nos protocolos de segurança para turistas estrangeiros.
Enquanto amigos e familiares se despedem com dor, fica o legado de uma jovem que, mesmo longe de casa, tocou corações e lembrou o mundo de que a natureza, tão bela, também exige respeito e preparo.
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